O deputado federal Ivan Valente saudou em discurso feito nesta terça-feira (01/11), na Tribuna da Câmara, a aprovação da Autoridade Nacional Palestina como membro pleno da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Reunidos em Assembléia Geral em Paris, sede da organização, 107 países votaram a favor do pedido da Autoridade Palestina, entre eles o Brasil, França, Índia, China e Espanha. Somente 14 foram contra. Para Ivan Valente, o resultado da votação demonstra que não há nada que justifique o não reconhecimento do Estado palestino.
“Não pode perdurar este contra-senso internacional. Na verdade, é o capital financeiro, sediado em Nova Iorque, o capital do sionismo, o Estado de Israel como ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio e guardião dos interesses petrolíferos que continua predominando”, criticou. ”O isolamento israelense é patente. Vemos hoje a posição da Turquia, a derrubada da ditadura de Mubarak no Egito e a primavera árabe, além do constrangimento que tiveram de passar na Organização das Nações Unidas”, acrescentou Valente.
Para os palestinos, a vitória na Unesco é vista como um passo adiante na tentativa de ter seu Estado reconhecido pela ONU. A agência cultural foi a primeira na qual os palestinos buscaram integração como membro total desde que o presidente Mahmoud Abbas entrou com o pedido de reconhecimento palestino nas Nações Unidas, em 23 de setembro. A aprovação na Unesco é uma vitória simbólica importante neste complexo jogo diplomático. Uma dos principais lemas da organização é a promoção da cultura de paz no mundo. Aceitar a Palestina como membro é um recado para todo o planeta de que, ao contrário dos que afirmam Israel e Estados Unidos, os conflitos na região não são causados por um único lado dessa história.
Para Ivan Valente, não foi à toa que Israel repudiou a decisão da Unesco, classificando a admissão da Autoridade Palestina de “manobra unilateral”, que “não mudará a realidade na prática”. E que os Estados Unidos já anunciaram uma retaliação à organização. Depois de ameaçar, o governo Barack Obama já confirmou que vai cortar o envio de cerca de 70 milhões de dólares à Unesco, valor que representa mais de 20% do orçamento da organização. A justificativa estadunidense é a de que uma lei dos anos 90 obriga um corte completo de financiamento norte-americano a qualquer agência da ONU que aceite os palestinos como membro pleno antes de que seja alcançado um acordo de paz na região.
“A afirmação, que chega a ser patética, é uma frustração absoluta com o governo Obama em relação às causas progressistas que prometeu defender. Os Estados Unidos pecam por armar o Estado de Israel, que massacra o povo palestino, e continuar estimulando assentamentos”, disse o deputado do PSOL/SP.
Israel e Estados Unidos declararam que a entrada da Palestina na Unesco prejudica os diálogos para um acordo de paz. As negociações estão estagnadas há 13 meses, quando expirou uma moratória israelense à construção de novas casas nos assentamentos na Cisjordânia. Desde então, os esforços para restabelecer as negociações não deram resultado. Somente no último final semana apenas, foram 13 as vítimas do enfrentamento entre israelenses e palestinos; doze do lado palestino.
Entre 9 e 16 de novembro, acontece a Semana Mundial contra o Muro do Apartheid na Palestina. No dia 26 de novembro, várias organizações promoverão um Dia de Ação batizado de “Corte o apharteid do cardápio”, com iniciativas de boicote a produtos alimentícios israelenses vendidos no mercado internacional. O muro do apartheid foi iniciado em 2002 e condenado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia dois anos depois. No entanto, continua em construção, impedindo ainda mais o acesso à educação, à saúde, ao trabalho, enfim, o direito à livre circulação dos palestinos e anexando suas terras. Quando concluído, terá cerca de 700 metros de extensão e 9 metros de altura.
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