O Partido Socialismo e Liberdade – PSOL vem a público repudiar com veemência a ação desastrosa, virulenta e desproporcional protagonizada pelo Superintende da Polícia Federal, Paulo Cesar Barcelos Cassiano Jr., com apoio da Polícia Militar, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas do Campus da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, na tarde da última terça-feira (25/03/14).
A poucos dias do marco de 50 anos do golpe militar no Brasil, o episódio nos fez recuperar os nomes e histórias de estudantes, servidores e professores que foram mortos por acreditar na transformação da sociedade, na construção de uma sociedade pautada na solidariedade, no respeito à diversidade, no diálogo permanente, no espírito democrático, valores bem diferentes dos que motivaram a violência do aparato policial contra a Universidade Federal.
Após a redemocratização no Brasil e a reabertura dos centros acadêmicos e diretórios centrais dos estudantes, fechados e colocados na clandestinidade pela ditadura militar, construiu-se o consenso de que o lugar da Polícia não é na Universidade. Porém, este consenso nacional aos poucos vem sendo quebrados pelos braços da repressão, colocando na ordem do dia o debate sobre a desmilitarização.
Nenhum motivo é razoável para justificar o ocorrido, mas os motivos ventilados pelo Superintendente Cassiano nos causa um espanto ainda maior. Agiram de forma desproporcional, intransigente e violenta, como não é raro em nosso país, sobre um crime que não é penalizado pelo ordenamento jurídico, gastando mais de R$4 milhões numa operação de “inteligência” que resultou apenas em sangue e destruição.
Ressaltamos que os organismos mundiais, como a ONU, indicam que a “guerra às drogas” se mostra ineficaz, devendo o assunto ser tratado na seara da saúde pública, e não mais nos tribunais penais.
Compreendemos que as horas de violência que tomaram conta do campus da UFSC, no último dia 25 de março, não são, infelizmente, fatos isolados. O mesmo autoritarismo e o mesmo desrespeito aos direitos humanos fundamentais são a rotina de nosso povo, que são cotidianamente criminalizados e perseguidos, sem direito a voz, a justiça e estigmatizados e/ou invisibilizados pelos meios de comunicação, cujas versões dos fatos, via de regra, atentam frontalmente ao dever constitucional de informar a população com a verdade dos fatos.
Finalmente, ao mesmo tempo em que nos solidarizamos e nos integramos a esta luta, queremos manifestar o nosso repúdio com relação à atitude exacerbada do Superintendente Cassiano ao menosprezar uma instituição séria e respeitada que é a Universidade Federal de Santa Catarina e a qualquer tentativa de criminalizar o movimento estudantil.
Florianópolis, 01 de Abril de 2014
Partido Socialismo e Liberdade - PSOL
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