Ivan Valente e Afrânio Boppré representam o PSOL na convenção do Bloco de Esquerda, em Portuga‏l


Representando o Partido Socialismo e Liberdade, o deputado federal Ivan Valente, presidente nacional do PSOL e Afrânio Boppré, Secretário de relações internacionais, participaram neste final de semana da VIII Convenção do Bloco de Esquerda, em Portugal. Formado por três organizações com trajetórias e origens distintas que se uniram para fazer frente à política de conciliação do Partido Socialista e aos limites ideológicos e organizativos do Partido Comunista Português, o Bloco de Esquerda é um partido que, com 13 anos de vida, se transformou na terceira força política de Portugal. 

A convenção aconteceu em Lisboa às vésperas da visita da chanceler alemã Angela Merkel e de uma greve geral que atinge Portugal e vários países da Europa. O Bloco de Esquerda tem defendido que o governo rompa com as orientações da “Troika” (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e União Européia) contidas no memorando de cooperação assinado por Portugal, que tem imposto inúmeros sacrifícios aos trabalhadores, com cortes drásticos nas aposentadorias, demissões em massa, enxugamento da máquina e privatizações.


Entre os principais temas debatidos na Convenção do Bloco de Esquerda esteve a necessidade de formar um governo de esquerda contra a Troika. O partido tem convocado inclusive o PS português a compor um governo anti-austeridade. Segundo a nova co-coordenadora da Comissão Política do Bloco, Catarina Martins, a Troika é o “inimigo a vencer”.

Catarina Martins lembrou o tempo difícil que Portugal viveu em 2011, “quando já se sabia que a austeridade era o caminho da destruição”. “Bem sabemos que os únicos ajudados foram os donos dos bancos. E o resultado são mais 200 mil pessoas sem emprego, jovens, sem lugar no seu país. Mais ainda, a economia parada, uma dívida que não para de crescer”, afirmou na cerimônia de encerramento.

Na avaliação do Bloco de Esquerda, a política da austeridade tem aumentado ainda mais a recessão no país, o que levará a um “desastre social”. “Acima das nossas possibilidades são os juros que pagamos e que destroem o país”, afirmou João Semedo, outro co-coordenador do Bloco. Ele citou uma longa lista das privatizações e das medidas de destruição dos serviços públicos implementadas pelo governo.

O partido defende o investimento nos serviços públicos – que seguem sendo atacados pela direita – e propõe a criação de um fórum para discutir a escola e saúde públicas e seguridade social, apostando na mobilização das pessoas, na reconfiguração do espaço político, na recuperação da democracia e na construção de uma alternativa.

“Querem agora vender-nos a ideia de que temos que ser devedores honrados. Mas onde é que está a honra de colocar pessoas que vivem com 500 euros por mês a pagar a crise?”, questionou, acrescentando: “Honra é cortar o apoio aos acamados, é cortar nos apoios às crianças que têm que ir para a escola, é cortar nas reformas de quem pouco ou nada tem? Isso não é honra, é covardia”, disse Semedo.

“Num momento como esse, trocar experiências de enfrentamento à crise foi muito importante para o PSOL”, avaliou Ivan Valente. “Ninguém mais aguenta essa política de arrocho, de empobrecimento contínuo da população, enquanto se socorre os bancos. No fundo, é a mesma política em todo o mundo, em que o capital financeiro tem a hegemonia do processo e os governos seguem a mesma receita”, disse.

“O mesmo acontece no Brasil, onde continuamos reservando 45% do orçamento para pagar juros da dívida pública, como se fosse natural entregar 800 bilhões de reais aos banqueiros nacionais e internacionais e permitir a especulação financeira, enquanto se quebra a saúde, a educação, a moradia popular e o transporte coletivo de massa. É por isso que os povos de todo o mundo têm que se unir contra essa política hegemônica do capital financeiro”, afirmou Ivan Valente na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (14/11).

Também participaram da convenção do Bloco de Esquerda partidos de outros países, como o SWP (Inglaterra), Abertzale (País Basco), Parti de Gauche e Gauche Anticapitaliste (França), além do Siryza (Grécia) e a Izquierda Unida (Espanha).

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